Um Potencial Desperdiçado?

O Corvo: A Cidade dos Anjos é um filme que divide opiniões entre os fãs da franquia O Corvo. Lançado em 1996 como sequência do clássico estrelado por Brandon Lee, o filme sofreu várias interferências de estúdio, o que resultou em uma versão final que desagradou muitos fãs. No entanto, há indícios de que a trama original era bem diferente e tinha potencial para uma história mais profunda e impactante. Mas o que, afinal, deveria acontecer originalmente?

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A História Original Planejada

Na versão originalmente concebida, Ashe Corven, interpretado por Vincent Pérez, teria um destino muito mais trágico e interessante. A principal mudança na narrativa envolvia seu relacionamento com Sarah (Mia Kirshner). No roteiro inicial, Ashe se apaixonaria por Sarah e decidiria permanecer na Terra em vez de retornar para a vida após a morte com seu filho Danny. Esse arco romântico daria ao filme um tom mais melancólico e reforçaria o conceito de “amantes condenados”, semelhante a outras histórias clássicas de tragédias amorosas.

No clímax do filme, após o Corvo ser morto e Ashe cair da torre, ele receberia a visita do espírito de Danny, que lhe ofereceria a escolha de retornar ao mundo dos mortos ou permanecer no mundo real. Ashe escolheria ficar para salvar Sarah. No entanto, sua decisão se provaria inútil, pois Judah (Richard Brooks) acabaria matando Sarah, deixando Ashe preso na Terra sem sua amada e sem a possibilidade de se reunir com Danny na vida após a morte. Esse desfecho abriria espaço para sequências futuras, explorando Ashe como uma entidade presa entre dois mundos, incapaz de morrer.

O Papel de Sarah e a Ligação com o Cowboy Caveira

Outra mudança significativa no roteiro original era o papel de Sarah na mitologia do Corvo. No final planejado, seria revelado que a narração de Sarah ao longo do filme vinha dela já na Terra dos Mortos, atuando como uma espécie de guia para futuros Corvos. Essa ideia ecoa o conceito do Cowboy Caveira (Skull Cowboy), personagem presente no primeiro filme, mas que teve sua participação cortada na edição final. No entanto, ao contrário do Cowboy Caveira, Sarah teria um papel menos cruel e mais compassivo, ajudando as almas que retornam à Terra para cumprir suas missões de vingança.

Problemas Lógicos na Narrativa Original

Apesar de a versão original parecer mais interessante do que a versão lançada nos cinemas, alguns pontos levantados pelos fãs indicam que o roteiro ainda teria algumas inconsistências. Por exemplo, Ashe se apaixona por Sarah em menos de um dia, o que parece um romance apressado e forçado. Além disso, sua escolha de ficar na Terra para protegê-la perde o sentido, pois ele poderia reencontrá-la na vida após a morte de qualquer maneira.

Outro questionamento é sobre a condição de Ashe após a morte de seu Corvo. Se o pássaro que o liga à vida e aos seus poderes foi morto, como ele permaneceria vivo? Sem o Corvo, a lógica da franquia indica que ele deveria perder suas habilidades e morrer de vez.

Esses elementos criam lacunas na trama e indicam que, mesmo sem a interferência do estúdio, o roteiro precisaria de ajustes para garantir maior coerência dentro da mitologia da série.

Conclusão

Embora O Corvo: A Cidade dos Anjos tenha sido duramente criticado, sua versão original possuía elementos que poderiam ter tornado a história muito mais rica e profunda.
A ideia de um protagonista condenado à imortalidade e a transformação de Sarah em uma guia espiritual dariam um tom mais sombrio e filosófico ao filme.

No entanto, alguns problemas narrativos ainda persistiriam, indicando que, mesmo sem a interferência do estúdio, a obra poderia não alcançar o impacto do primeiro filme.

De qualquer forma, o que ficou foi um filme que poderia ter sido muito mais do que a versão final que chegou ao público. Talvez, em um futuro reboot da franquia, algumas dessas ideias possam ser resgatadas e trabalhadas de forma mais consistente.

O Corvo: A Cidade dos Anjos 1996: Está disponível para transmissão na Netflix

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