Bernie se sentiu em casa assim que embarcou na balsa rumo à Normandia. Lá, a geração esquecida se reunia para relembrar a luta compartilhada durante um dos períodos mais sombrios da história humana. Enquanto tomava uma bebida, Bernie lidava com o peso da culpa, já que as memórias aterrorizantes da guerra ainda o assombravam. A paisagem o fazia reviver a perda de seus companheiros. Ele teve a sorte de voltar para casa e reencontrar sua amada, Rene, mas muitos outros não tiveram essa mesma chance. Bernie e Rene estavam juntos desde a juventude, e Rene lembrava como era angustiante esperar por seu retorno da guerra. Bernie, no entanto, não estava com ânimo para celebrações; ele planejava passar alguns dias na Normandia de uma maneira particular e estava determinado a seguir com esse plano.
Na balsa, Bernie conheceu Arthur Howard Johnson, um comandante de bombardeiros da RAF, e os dois formaram uma amizade durante a breve viagem. Tanto Bernie quanto Arthur tinham um compromisso com aqueles que perderam durante a guerra, o que os levou até a Normandia. Arthur, marcado pela guerra, desenvolveu um vício em álcool para lidar com a dor, algo que ficou evidente quando desembarcou na Normandia. Bernie ficou decidido a visitar o Cemitério de Guerra Britânico em Bayeux após ouvir falar dele, e garantiu que Arthur também cumprisse sua própria missão.
“Em meio ao peso das memórias e à vastidão dos túmulos, Bernie percebeu que, embora o tempo possa apagar as batalhas, o impacto da perda nunca desaparece.”
Arthur lembrou-se de seu irmão ao ver Bernie andando sonâmbulo. Seu irmão, também comandante da RAF, estava ligado à Resistência e morreu quando tentava voltar para casa, escondido em Caen. Arthur acreditava que ele próprio foi o responsável pela morte do irmão, pois o bombardeio que comandou em Caen matou três mil pessoas, e esse fardo o acompanhou por toda a vida. Ele sempre quis visitar o túmulo de seu irmão, mas nunca teve coragem de fazê-lo.
Na manhã seguinte, em vez de comparecer à cerimônia principal, Bernie decidiu levar Arthur ao cemitério em Bayeux. Ao longo de sua vida, ele também evitou encarar o passado doloroso, mas sentiu que era hora de fazê-lo. Bernie lembrou-se de Douglas Bennett, um jovem marinheiro que temia o resultado da guerra. Douglas tinha uma foto da garota que amava e, antes de desembarcar, pediu a Bernie que entregasse uma carta a ela, expressando seus sentimentos. Bernie assistiu impotente à morte de Douglas assim que chegaram à praia, e, por anos, ele não conseguiu retornar à Normandia para prestar sua homenagem ao garoto que partiu cedo demais. Cercado pelos túmulos de cinco mil soldados britânicos que perderam a vida na Segunda Guerra Mundial, Bernie só conseguiu dizer que tudo aquilo havia sido um grande desperdício.
Bernie e Arthur se despediram, prometendo se encontrar do outro lado. Embora fossem desconhecidos, a experiência da guerra os conectou profundamente, permitindo que ambos superassem um capítulo doloroso de suas vidas. Foi um gesto sensível da parte de Bernie pedir ajuda a Scott, pois ele entendia o trauma que o jovem enfrentava. Bernie esperava que Scott encontrasse o apoio necessário, evitando que ele lidasse com o sofrimento da mesma maneira que ele e Arthur o fizeram.
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Como René ajuda Bernard a superar sua culpa?
No final de O Grande Fugitivo, Bernie retornou ao asilo e foi recebido com uma calorosa recepção. Pessoas agitavam bandeiras e o aplaudiam quando ele entrou pela porta, carregando uma sacola cheia de guloseimas e, claro, chocolates para sua amada esposa, Rene. Foi somente ao retornar que Bernie percebeu o quanto havia se tornado uma sensação na mídia, e tentou sorrir em resposta à atenção, mas estava exausto. Ele ainda segurava a caixa de lata, esperando devolvê-la ao destinatário. Estava contente por ter cumprido essa missão, mas não esperava que tal confusão fosse criada ao redor disso.
Durante o final de O Grande Fugitivo, Bernie ironizou a atenção que recebeu. Embora o público comemorasse o “final feliz”, Bernie sabia que não havia final verdadeiramente feliz. Ele foi apelidado de “o grande fugitivo”, mas, na realidade, não havia como escapar da velhice ou do medo da morte. Bernie não conseguia se livrar da culpa pela falsa esperança que deu a Douglas, quando prometeu que tudo ficaria bem ao sair do navio. Mas ele estava completamente errado, e nunca superou a culpa de ver Douglas morrer diante de seus olhos.
Rene recordava como a guerra afetou severamente seu amado e como sempre tentou manter sua mente longe das memórias dolorosas. Agora que Bernie finalmente expressou seus sentimentos, Rene afirmou que foi sua sorte que o ajudou a sobreviver à guerra e os manteve juntos. Ela acreditava que ele não deveria se culpar por algo que nunca esteve sob seu controle. Rene relembrou Bernie como eles sempre valorizaram cada momento que tiveram, vivendo em nome daqueles que não puderam. No final, descobrimos que, seis meses após a comemoração do Dia D, Bernard Jordan faleceu, e sete dias depois, Rene se juntou a ele. Os dois, namorados de infância, não podiam ficar separados por muito tempo. O Grande Fugitivo captura lindamente o relacionamento entre Bernie e Rene. Para Bernie, a verdadeira definição de lar sempre foi Rene.
Qual é a verdadeira história que inspirou o filme?
O filme dramático é inspirado na história real do veterano da Marinha Real, Bernard Jordan, que, em 2014, embarcou em uma jornada para a Normandia após fugir de sua casa de repouso. Um alarme foi disparado quando se pensou que ele estava desaparecido, mas, ao ser localizado, sua história de fuga se espalhou rapidamente. Jordan foi recebido com carinho e admiração durante sua curta viagem, e retornou para uma multidão entusiasmada. A relação entre Bernard e Rene também foi profundamente significativa, sendo os dois considerados inseparáveis.
A trama não é apenas sobre determinação ou a futilidade da guerra, mas também sobre o imenso amor e respeito entre duas pessoas que estiveram juntas por setenta anos, ansiosas por cada novo dia compartilhado. No filme, Rene menciona que era o simples fato de fazerem as coisas do dia a dia juntos que tornava suas vidas especiais, demonstrando o quanto apreciavam a companhia um do outro. Aos 90 anos, Bernard Jordan foi homenageado com o título de vereador honorário da cidade.
O GRANDE FUGITIVO: Está atualmente disponível para transmissão na Amazon Prime Video