O grande fugitivo: É baseado em uma história real?

No final, ficamos sabendo que, seis meses após a comemoração do Dia D, Bernard Jordan faleceu e, sete dias depois, René se juntou a ele na..

“ATENÇÃO: ESTE ARTIGO CONTÉM SPOILERS IMPORTANTES SOBRE O FILME O GRANDE FUGITIVO”

O Grande Fugitivo, dirigido por Oliver Parker, com Michael Caine e Glenda Jackson no elenco, presta uma emocionante homenagem a Bernard Jordan, o octogenário que viajou de Sussex até a França para participar das celebrações do 70º aniversário do Dia D. A atuação de Glenda Jackson em seu último filme é marcante e comovente. O Grande Fugitivo também simboliza a aposentadoria de Michael Caine, e seu derradeiro filme certamente é completo. A fuga de Bernard Jordan do asilo reflete sua determinação, como veterano de guerra, em prestar tributo às vidas perdidas na Batalha da Normandia. Mesmo aos 89 anos, ele ainda era atormentado pelas lembranças da guerra, sentindo-se, em parte, culpado por ser um dos poucos que sobreviveram. Baseado na história real de Bernard Jordan e sua grande fuga, o filme explora uma geração que experimentou o horror da guerra, mas que agora foi deixada para trás.

 

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Como Bernie escapou do asilo?

Bernard Jordan era um homem de hábitos bem definidos, seguindo uma rotina rígida. Todas as manhãs, ele saía da casa de repouso para caminhar pela praia e tomar uma xícara de chá em um café local. O restante do dia ele passava ao lado de sua esposa, Irene “Rene”, cuja condição exigia cuidados contínuos. Rene já havia sido internada na unidade, e Bernie era inicialmente um visitante frequente, mas, com o tempo, decidiu se mudar para lá também, já que se tornou impossível para eles ficarem separados.

Era notável a frustração no rosto de Bernard quando os mais jovens o ignoravam, tratando-o como se fosse invisível. A falta de respeito e de cumprimento de regras básicas por parte da nova geração incomodava Bernie, mas ele não reclamava e seguia com sua vida. Na sua rotina matinal, ele também levava chocolates para Rene e frequentemente expressava sua insatisfação com os produtos alemães vendidos na loja local.

Enquanto Bernie aguardava ansioso por uma resposta de Judith, a gerente da casa de repouso, ele ficou desapontado ao saber que ela não conseguiu um ingresso para ele participar da comemoração do Dia D. Rene ficou surpresa ao perceber que Bernie não discutiu seu plano com ela. Naquela noite, foi Rene quem o incentivou a ir para a França, mesmo que precisasse fazer a viagem sozinho. Ela o tranquilizou, dizendo que ficaria bem, contando com a ajuda das enfermeiras para cuidar dela. Embora hesitante, Bernie sabia que desejava participar da cerimônia.

Na manhã seguinte, Bernie saiu da casa de repouso discretamente, bem cedo. Ele sabia que as enfermeiras tentariam impedi-lo se soubessem de seus planos. Apesar de ter conseguido sair sem ser notado, ele acabou encontrando Adele, uma cuidadora, na estrada. Sua hesitação chamou a atenção dela, mas Adele não pensou muito sobre isso. As enfermeiras logo ficaram preocupadas quando perceberam que Bernie não retornou no horário habitual. Sendo ele sempre pontual, aquela era a primeira vez que fugia de sua rotina. Com Rene em um estado de saúde delicado, as enfermeiras decidiram não revelar a ela o desaparecimento de Bernie, mas logo descobriram que Rene estava ciente de tudo e, de fato, era cúmplice do plano. As enfermeiras suspiraram de alívio quando souberam do paradeiro de Bernie, e a busca policial foi interrompida assim que ficou claro o que ele estava fazendo. Bernie rapidamente se tornou uma lenda, admirado por ter a coragem de, aos 89 anos, viajar sozinho para a França e prestar sua homenagem.

 

Qual era o propósito de Bernie ao viajar para a Normandia?

Bernie se sentiu em casa assim que embarcou na balsa rumo à Normandia. Lá, a geração esquecida se reunia para relembrar a luta compartilhada durante um dos períodos mais sombrios da história humana. Enquanto tomava uma bebida, Bernie lidava com o peso da culpa, já que as memórias aterrorizantes da guerra ainda o assombravam. A paisagem o fazia reviver a perda de seus companheiros. Ele teve a sorte de voltar para casa e reencontrar sua amada, Rene, mas muitos outros não tiveram essa mesma chance. Bernie e Rene estavam juntos desde a juventude, e Rene lembrava como era angustiante esperar por seu retorno da guerra. Bernie, no entanto, não estava com ânimo para celebrações; ele planejava passar alguns dias na Normandia de uma maneira particular e estava determinado a seguir com esse plano.

Na balsa, Bernie conheceu Arthur Howard Johnson, um comandante de bombardeiros da RAF, e os dois formaram uma amizade durante a breve viagem. Tanto Bernie quanto Arthur tinham um compromisso com aqueles que perderam durante a guerra, o que os levou até a Normandia. Arthur, marcado pela guerra, desenvolveu um vício em álcool para lidar com a dor, algo que ficou evidente quando desembarcou na Normandia. Bernie ficou decidido a visitar o Cemitério de Guerra Britânico em Bayeux após ouvir falar dele, e garantiu que Arthur também cumprisse sua própria missão.

“Em meio ao peso das memórias e à vastidão dos túmulos, Bernie percebeu que, embora o tempo possa apagar as batalhas, o impacto da perda nunca desaparece.”

Arthur lembrou-se de seu irmão ao ver Bernie andando sonâmbulo. Seu irmão, também comandante da RAF, estava ligado à Resistência e morreu quando tentava voltar para casa, escondido em Caen. Arthur acreditava que ele próprio foi o responsável pela morte do irmão, pois o bombardeio que comandou em Caen matou três mil pessoas, e esse fardo o acompanhou por toda a vida. Ele sempre quis visitar o túmulo de seu irmão, mas nunca teve coragem de fazê-lo.

Na manhã seguinte, em vez de comparecer à cerimônia principal, Bernie decidiu levar Arthur ao cemitério em Bayeux. Ao longo de sua vida, ele também evitou encarar o passado doloroso, mas sentiu que era hora de fazê-lo. Bernie lembrou-se de Douglas Bennett, um jovem marinheiro que temia o resultado da guerra. Douglas tinha uma foto da garota que amava e, antes de desembarcar, pediu a Bernie que entregasse uma carta a ela, expressando seus sentimentos. Bernie assistiu impotente à morte de Douglas assim que chegaram à praia, e, por anos, ele não conseguiu retornar à Normandia para prestar sua homenagem ao garoto que partiu cedo demais. Cercado pelos túmulos de cinco mil soldados britânicos que perderam a vida na Segunda Guerra Mundial, Bernie só conseguiu dizer que tudo aquilo havia sido um grande desperdício.

Bernie e Arthur se despediram, prometendo se encontrar do outro lado. Embora fossem desconhecidos, a experiência da guerra os conectou profundamente, permitindo que ambos superassem um capítulo doloroso de suas vidas. Foi um gesto sensível da parte de Bernie pedir ajuda a Scott, pois ele entendia o trauma que o jovem enfrentava. Bernie esperava que Scott encontrasse o apoio necessário, evitando que ele lidasse com o sofrimento da mesma maneira que ele e Arthur o fizeram.

 

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Como René ajuda Bernard a superar sua culpa?

No final de O Grande Fugitivo, Bernie retornou ao asilo e foi recebido com uma calorosa recepção. Pessoas agitavam bandeiras e o aplaudiam quando ele entrou pela porta, carregando uma sacola cheia de guloseimas e, claro, chocolates para sua amada esposa, Rene. Foi somente ao retornar que Bernie percebeu o quanto havia se tornado uma sensação na mídia, e tentou sorrir em resposta à atenção, mas estava exausto. Ele ainda segurava a caixa de lata, esperando devolvê-la ao destinatário. Estava contente por ter cumprido essa missão, mas não esperava que tal confusão fosse criada ao redor disso.

Durante o final de O Grande Fugitivo, Bernie ironizou a atenção que recebeu. Embora o público comemorasse o “final feliz”, Bernie sabia que não havia final verdadeiramente feliz. Ele foi apelidado de “o grande fugitivo”, mas, na realidade, não havia como escapar da velhice ou do medo da morte. Bernie não conseguia se livrar da culpa pela falsa esperança que deu a Douglas, quando prometeu que tudo ficaria bem ao sair do navio. Mas ele estava completamente errado, e nunca superou a culpa de ver Douglas morrer diante de seus olhos.

Rene recordava como a guerra afetou severamente seu amado e como sempre tentou manter sua mente longe das memórias dolorosas. Agora que Bernie finalmente expressou seus sentimentos, Rene afirmou que foi sua sorte que o ajudou a sobreviver à guerra e os manteve juntos. Ela acreditava que ele não deveria se culpar por algo que nunca esteve sob seu controle. Rene relembrou Bernie como eles sempre valorizaram cada momento que tiveram, vivendo em nome daqueles que não puderam. No final, descobrimos que, seis meses após a comemoração do Dia D, Bernard Jordan faleceu, e sete dias depois, Rene se juntou a ele. Os dois, namorados de infância, não podiam ficar separados por muito tempo. O Grande Fugitivo captura lindamente o relacionamento entre Bernie e Rene. Para Bernie, a verdadeira definição de lar sempre foi Rene.

 

Qual é a verdadeira história que inspirou o filme?

O filme dramático é inspirado na história real do veterano da Marinha Real, Bernard Jordan, que, em 2014, embarcou em uma jornada para a Normandia após fugir de sua casa de repouso. Um alarme foi disparado quando se pensou que ele estava desaparecido, mas, ao ser localizado, sua história de fuga se espalhou rapidamente. Jordan foi recebido com carinho e admiração durante sua curta viagem, e retornou para uma multidão entusiasmada. A relação entre Bernard e Rene também foi profundamente significativa, sendo os dois considerados inseparáveis.

A trama não é apenas sobre determinação ou a futilidade da guerra, mas também sobre o imenso amor e respeito entre duas pessoas que estiveram juntas por setenta anos, ansiosas por cada novo dia compartilhado. No filme, Rene menciona que era o simples fato de fazerem as coisas do dia a dia juntos que tornava suas vidas especiais, demonstrando o quanto apreciavam a companhia um do outro. Aos 90 anos, Bernard Jordan foi homenageado com o título de vereador honorário da cidade.

O GRANDE FUGITIVO: Está atualmente disponível para transmissão na Amazon Prime Video

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