Quando J. Robert Oppenheimer testemunhou o sucesso do primeiro teste da bomba atômica, ele supostamente proferiu palavras profundas – mas essa narrativa pode ser questionável.
O filme “Oppenheimer”, dirigido por Christopher Nolan, provoca reflexões sobre as palavras reais proferidas pelo personagem titular
quando a bomba atômica explodiu durante o teste Trinity em 1945. Interpretado por Cillian Murphy, J. Robert Oppenheimer é o
renomado físico teórico que liderou o célebre Projeto Manhattan – o empreendimento que resultou na criação da primeira bomba atômica.
Conhecido como o “pai da bomba atômica”, a história do enigmático Oppenheimer é marcada pela tragédia. Seu trabalho não apenas
encerrou o teatro do Pacífico da Segunda Guerra Mundial de forma horrenda, mas o cientista também enfrentou um declínio em sua
reputação durante a era McCarthy.
Baseado na biografia “American Prometheus”, escrita por Kai Bird e Martin J. Sherwin, o filme “Oppenheimer” de Nolan explora a carreira
outrora ilustre desta figura fascinante, assim como o peso da culpa que o assombra. Argumentando que as descobertas do Projeto Manhattan
poderiam encerrar a Guerra do Pacífico, Oppenheimer influenciou o presidente Truman a autorizar o uso das bombas atômicas. Após os
bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, Oppenheimer teria sido atormentado pelo seu papel na destruição em massa das cidades
japonesas. Isso gerou diversos mitos em torno das supostas palavras proferidas por Oppenheimer ao testemunhar a realização de seu
trabalho de vida.
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Oppenheimer não disse “Eu me tornei o destruidor mortal de mundos” depois da bomba
A maior parte do filme “Oppenheimer” de Christopher Nolan se passa no Laboratório Los Alamos do Projeto Manhattan.
Essa localização remota no Novo México não serviu apenas como espaço para pesquisa e desenvolvimento, mas também como campo de
testes para detonações nucleares. Em 16 de julho de 1945, após três anos de trabalho dos cientistas, ocorreu o teste Trinity – a primeira
detonação nuclear nas colinas do deserto do Novo México. Devido ao seu fascínio pelo sânscrito, acredita-se comumente
que Oppenheimer tenha dito: “Agora me tornei a morte, o destruidor de mundos” após o teste da Trindade.
A famosa citação associada a J. Robert Oppenheimer tem origem no Bhagavad Gita, uma escritura hindu composta por 700 versos.
No entanto, a história de Oppenheimer recitando a frase icônica enquanto observava a detonação histórica parece ser uma versão mais
dramática do que realmente aconteceu. Anos depois, Oppenheimer explicou em uma transmissão que pensou na citação, mas na verdade não
a pronunciou. Embora algumas testemunhas tenham rido ou chorado, a maioria permaneceu em silêncio. Supostamente, Oppenheimer
disse: “Funcionou”. Durante a transmissão, ele admitiu: “Suponho que todos nós tenhamos pensado [na citação], de uma forma ou de outra”
(via Smithsonian Magazine).
Oppenheimer incorpora a resposta de J. Robert com uma reviravolta
No início do filme, a amante de Oppenheimer, Jean Tatlock (interpretada por Florence Pugh), nota o Bhagavad Gita na estante do
cientista e pede-lhe para traduzir algo. A cena de sexo em que Oppenheimer diz “Agora me tornei a morte” é um presságio estranho que
antecipa os eventos assustadores e indutores de culpa que ainda estão por acontecer. Essa frase se torna uma força destrutiva na vida
de Jean, e o desfecho de Oppenheimer ilustra que ele se sente tão responsável pela morte dela quanto pelas baixas em massa causadas
pela bomba atômica. O uso criativo dessa linha icônica por Nolan certamente mantém a ressonância emocional da citação, destacando a
culpa que altera a vida de Oppenheimer devido à sua criação que acabou com a vida de Jean.
“NOTA: Oppenheimer foi indicado a 13 prêmios da Academia.”
Oppenheimer: está disponível para transmissão no Prime Video.
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